22 de abril de 2021

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SALVE JORGE, SALVE O BRASIL, SALVE QUINTINO, SALVEM OS SUBÚRBIOS CARIOCAS!

 Dia 23 de abril de 2014, Quintino se veste de vermelho, fecha a rua, dança, solta fogos e canta.

O povo se reconhece no São Jorge por suas lutas diárias.
Esse é nosso Subúrbio Carioca no suor, na fé, na esperança, na cultura popular e na ancestralidade. Somos muitos formando o chão que a gente pisa e vive com o suor do trabalho estampado no rosto.
Neste Brasil, terra de todos os encontros, São Jorge encontra suas muitas faces: O Jovem, não mais tão jovem, que sente saudade de sua geral onde via Assis trazendo a Guanabara e que sincretismo belo seria a encruzilhada entre Assis e Zico em um só. Também é o jovem que sobrou na aeronáutica mas pega sua bike e sua mala e rasga Rio a dentro em suas entregas. A lojista que precisa enfrentar diariamente as armadilhas que o machismo estrutura na terra. O motorista de aplicativo que de tanto tomar nota baixa está sendo obrigado a fazer cansativas corridas que pouco dinheiro dá, mas se conseguir o suficiente pra comer um podrão no fim da noite está feliz. São Jorge é um moto-taxista na esquina da Clarimundo de Melo com a Saçu.
Jorge em seu cavalo é Maria no BRT, caminhando pelo vale do combate entre a incerteza da doença e a fé e esperança de que vai voltar da labuta e ver a filha se formar um dia. São muitos, como muitos são os Jorges do Brasil, na poesia, no ponto, no toque do tambor, na voz do pastor que não professa a fé mas ama seu irmão que professa, porque o Jesus que Jorge da Capadócia e o Pastor Jorge da Igreja Batista de São João de Meriti conhecia nos ensinou a importância do amor e da partilha. A fé não é algo que se julga, é algo que se admira, admirem-na!
São Jorge não é sobre crença, não é sobre fé, São Jorge é sobre Povo. Não preciso nem olhar para o invisível, pois a beleza está no visível mesmo, de um povo que se faz povo, de um deserto que vira dia de encontro. Este ano o encontro será no invisível, no virtual, mas isso não é problema pra quem caminha nos muitos mundos.
Nos subúrbios é assim, a gente nem sabe muito bem como ou porquê, mas estamos neste lugar onde o guerreiro e o ferreiro se confraternizam. A pobreza na nossa frente não intimida, ela é apenas nosso campo de batalha diário e armas de fogo não vão nos alcançar, mesmo que estejam passando lado a lado de nós.
Quem disse que a nossa bandeira nunca seria vermelha não conhece nada do Brasil, nunca pisou em Quintino num dia 23 de Abril, nunca viu Flamengo ser campeão brasileiro, são pessoas tristes que podem até passar uma vida sem entender a beleza de um bom feijão na panela, Deus tenha misericórdia delas um dia.
O corpo pode estar moído pelas batalhas, estar combalido pelo combate, mas não estará vencido, no dia ou na noite, mas os caminhos estão lá e os que nos odeiam não nos alcançarão. É esta fé que se faz o abrigo do Brasil profundo, dos que têm a fé aos que fazem a fezinha.
Aos que professam ou não a fé
SALVE JORGE,
SALVE O BRASIL,
SALVE QUINTINO,
SALVEM OS SUBÚRBIOS CARIOCAS!